O Totalitarismo na Era Vargas


O TOTALITARISMO NA ERA VARGAS
Alex Sandro Regmunt[1]

            Digno de um governo fascista – fortemente baseado nas políticas ideológicas dos governos alemão e italiano da década de 1930 –, a Era Vargas foi popularizada de uma forma diferente nos meios educacionais e radiodifusores – entre outros - como um governo de âmbito socialmente voltado ao trabalhador e ícone inicial da industrialização brasileira. Sendo assim, grande parte da população ainda vê em Vargas o “Grande Timoneiro”[2] e essa visão está impregnada nos livros didáticos e no imaginário coletivo.
            Porém, pouco se fala do Governo Vargas visando seu lado ditatorial de governar.
            Nesse sentido, a historiografia da época optou – foi induzida – a escrever uma “História dos vencedores”, no intuito de encobrir toda espécie de representação social que não estivesse ligada ao governo.
            Vargas, com um discurso anti-comunista tratou de suprimir qualquer movimento ou ideal que não se adequasse aos princípios da burguesia então detentora do poder no Brasil.
            Através de políticas trabalhistas e sociais, alienava a classe trabalhadora com certas “leis e direitos” que apenas o controlavam para não fazerem levantes como greves.
            Com ideologias xenofóbicas, usou discursos ultra-nacionalistas – leia-se fascistas – cultivando na população uma idéia de identidade nacional. Assim, elegeu/criou heróis e personagens que até hoje estão presentes na história Brasileira, além disso, restringiu a entrada de imigrantes. Um motivo para tal, era o eterno medo – desculpa – de uma invasão comunista, outro era usado em suas falas exacerbadas de nacionalismo, onde “um Brasil para os brasileiros” admitia apenas uma insignificante porcentagem de trabalhadores imigrantes nas vagas empregtícias no país.
            Outro fator foi a política ditatorial que usou e abusou de seu poder totalitário e baniu os governadores dos Estados, e num ato cívico fez a queima das bandeiras – praticamente um “Book Burning” [3].
            Nesse período, a censura era irmão do “desenvolvimento” que Vargas pregava.
            Toda produção bibliográfica, historiográfica, jornalística ou radiodifundida, permeava as vontades direcionais governativas.
            Portanto, fica-nos claro que a Era Vargas não foi apenas o que a História tradicional mostra – uma época de grandes transformações – mas também uma ditadura muito totalitária, que voltou a ocorrer no Brasil anos depois, um pouco diferente, mas ainda mais devastadora.


[1] Professor de História. Atualmente lecionando no Estado de Mato Grosso do Sul.
[2] Timoneiro: Aquele que governa o timão da embarcação, o homem do leme.Termo também dado a Mao Tse Tung quando em sua jornada de desenvolvimento da China. Esse usou métodos nada convencionais para tal: perseguições políticas, centralizações, etc.
[3] Book Burnig, termo inglês usado para simbolizar a grande queima de livros de autoria judaica e de outros pelos alemães em 1933, no intuito de demonstrar o poder centralizador e opressor do Partido Nazista